A Fazenda São Bernardo, na zona rural de Rafard, é uma das grandes remanescentes fazendas cafeeiras paulistas do século 19. Fundada em 1881, sua casa principal é um exemplo de arquitetura marcado por elementos como o telhado de quatro águas — símbolo de status à época — e sua varanda com escadaria imponente. Em 1886, neste casarão, nasceu Tarsila do Amaral, onde viveu até os nove anos. Além de seu valor como berço da artista modernista, a fazenda retrata a transição histórica da economia cafeeira, baseada na mão de obra escravizada, para o trabalho livre e industrializado, servindo também como testemunho da instalação da Societé de Exploration Agricole de Vila Rafard, raro exemplo de empreendimento francês no setor sucroalcooleiro paulista, fundado em 1911. Tombada parcialmente, a fazenda foi doada à organização Abaçaí Cultura e Arte, cuja missão é transformá-la em um centro cultural voltado à memória de Tarsila e ao modernismo. No entanto, apesar dos avanços pontuais, como o restauro do casarão e a recuperação da Capela, o conjunto ainda carece de um plano de ocupação e preservação sustentável.
Fundada pelo cidadão Júlio Henrique Raffard, a cidadezinha que era denominada como “Villa Raffard”, ganha ares de liberdade em 1965, quando foi emancipada e desintegrada de Capivari. No passado, início do século 20, a antiga Usina da União São Paulo (atual COSAN), a estação ferroviária FEPASA e vários pontos turísticos chamaram a atenção dos franceses, que tinham cargos de gerência na Usina, e tornaram o sonho de muitos rafardenses ainda mais audaz, fazendo com que lutassem pela separação e transformação do distrito em cidade. Uma história profundamente humana, que continua no coração do povo rafardense.


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